Mercy Zidane: dezembro 2007

sábado, 29 de dezembro de 2007

O balanço

Eu disse há alguns posts que gostava de fazer balanços. Pois aí vamos nós:

Em termos de aulas da faculdade, o primeiro semestre foi um lixo (muitas aulas coxa), mas teve coisas boas (certos trabalhos); o segundo semestre foi bom (matérias interessantes e professores comprometidos), mas teve muito lixo (duas aulas cagaram o semestre).

Em se tratando de projetos, acho que as coisas que eu faço na facul chegaram a um ponto de convergência. O movimento estudantil, o Jornal do Ferradura e o Raiz Social foram três coisas que abriram minha cabeça para muita coisa e se interligam em diversos aspectos.

Entrei no movimento estudantil por meio do centro acadêmico, mas a greve das estaduais paulistas foi um momento em que eu aprendi muita coisa de política e despertei ainda mais meu interesse por essa área dentro do jornalismo (clique aqui e veja o que eu aprendi na greve).


O Jornal do Ferradura me proporcionou o contato com a favela; algo que todo o cidadão de classe média deveria ter para quebrar preconceitos e ver que a diferença é muito menor do que se pensa. Além disso, a elaboração do jornal, a distribuição, o fato de haver pessoas lendo o que você escreve é muito gratificante.

O Raiz Social me fez botar para fora tudo o que eu tinha estudado sobre rádio e construir (juntos com meus amigos) uma coisa nova em que acredito.

Muitos dizem que o terceiro ano de faculdade é o pior, é o ano das crises. Para mim, foi o ano da realização. Tenho orgulho de tudo o que faço e consigo enxergar relação entre todos esses elementos. Creio que a base está sólida.


Pode me chamar de romanticuzinho clichê, mas nada disso seria possível sem minha namorada Tati.


Enfim: saldo positivo
!

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Metalinguagem: enquanto escrevo este post estou baixando o filme Cabra Marcado Para Morrer, de Eduardo Coutinho. Dizem que é o divisor de águas do cinema não-ficcional brasileiro.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Zona de Conforto

Quando se está na universidade, com a idade e com as idéias que eu e muito amigos temos, sempre vem um velho (com todo o respeito) e diz:

-É, é muito bonito você lutar hoje, falar todas essas coisas; mas depois quero ver! Você vai ter que ganhar dinheiro. A maioria fala essas coisas nessa época, depois vai correr atrás do dinheiro igual a todo mundo.

O gozado é que eles não torcem para você conseguir arranjar um emprego que faça bem para a sociedade, tenha a ver com os ideais de esquerda e que possa te sustentar. Parece que eles querem ver você se fudendo. É um tipo de agouro misturado com vontade de fazer igual. É um prazer sádico que tem uma única finalidade, a de dizer: “Eu avisei”.

Sem contar que muitos desses velhos nem tiveram idéias contrárias ao sistema ou foram simplesmente “revolucionários de butique”, que só se manifestavam quando todos os estudantes de sua época já estavam no embalo. Quando se formam e vão trabalhar em grandes coorporações, sem ter tentado algo alternativo, dizem: “não tem jeito, o negócio é ganhar dinheiro”.

Ou seja, preferem ficar na tal Zona de Conforto. Vão ganhando o dinheirinho sem fazer mal a ninguém, virando a cara para o mendigo, seguem sem contato nenhum com favelas, com pobres, compram um carrinho maior, etc.

Conheço muitos caras que sobrevivem do trabalho alternativo e têm liberdade de opinião (em se tratando de jornalismo).

Velhos, com todo o respeito, revolucionários do passado e reacionários do presente, deixem-me tentar fazer algo diferente.

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Metalinguagem: mais uma foto meramente ilustrativa

domingo, 23 de dezembro de 2007

A história do que deveria ser o melhor documentário do mundo

No terceiro ano de faculdade, alunos do curso de jornalismo da FAAC têm aulas de "Telejornalismo II". Aulinhas de como ser William Bonner? Negativo. O nome da matéria deveria ser "Documentário".

Puta coisa louca fazer um documentário. Obviamente, o semestre começa cheio de expectativas. Depois de assistirmos a grandes produções no decorrer das aulas (como Justiça, Prisioneiro da Grade de Ferro, Ônibus 174, Edifício Master - esse é do Coutinho, clique na foto - e Nelson Freire), dividem-se os grupos e surge o tema: Burocracia. É, não é chato, mas também não é legal.

Porém, meus colegas de grupo mudam de tema (ainda bem) enquanto eu estava viajando (para o maravilhoso Congressos de Extensão,
diga-se de passagem). O novo tema: o assentamento do MST em Brasília Paulista, a 45 km de Bauru.

Fomos até lá umas 4 vezes no total. Na primeira, só conhecemos e trocamos idéia com o Márcio, um dos caras mais fodas que eu já conheci. Ele faz trabalho braçal na roça, estuda Geografia na Unesp e milita no MST (precisa de mais alguma coisa?) Nas visitas posteriores, conversamos com muita gente, um pessoal muito legal e humilde. Muitos deles estão ali porque perderam tudo, outros cresceram no assentamento e acreditam piamente nos ideias. Enfim: filmamos, conversamos, aprendemos.

Depois das chuvas (que nos impediam de ir à fazenda) e do término das filmagens, começamos a finalizar a produção. Pensamos nas cenas que iriam ser utilizadas, numa ordem meio lógica para a produção de um roteiro e fizemos umas montagens loucas na edição. Depois de 4 dias ininterruptos de trabalho, estava pronto o grande documentário
"Terra Pra Quem Quer Cultivar".

Às 12h do dia 19 de dezembro, depois noites sem dormir e muitas brigas com o Adobe Premiere, assistimos aos 23 minutos e 50 segundos de documentário.

Resultado: fomos
MEGALOMANÍACOS, como bem definiu a Tati.

Achamos que faríamos o melhor documentário do mundo, mas esquecemos que para isso é necessário ter um puta roteiro, teríamos que ter pensado melhor nas imagens na hora de filmar, escolhido melhor o enfoque, etc, etc, etc... a edição ficou boa, mas não quer dizer muita coisa.


Aprendemos muito, tanto conhecendo um assentamento do MST, quanto nos softwares de edição, mas ficou a frustração e a vontade de fazer outro mais elaborado, mas quando que vou ter tempo de fazer outro documentário na minha vida?
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Metalinguagem: faltam dois posts para este blog igualar a quantidade de posts de 2007 com a de 2006. Detalhe: em 2006, começamos a postar em julho.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Imagine se fosse com você...

Você acorda cedo, umas 5h da manhã para se arrumar e ir trabalhar. Come um pão, bebe um pingado, toma banho. Quando está prestes a sair de casa, um policial bate em sua porta:

-Isso aqui é um mandato de reintegração de posse. O senhor e sua família têm duas horas para tirarem todos os seus pertences do local.

Como se isso não bastasse, você olha para fora de sua casa e vê uma grande escavadeira, prontinha para derrubar seu lar. Morando do lado de uma grande rodovia, você não tem dúvidas, junta-se com vizinhos e pára a pista.

Nada mais lógico, já que a companhia que pediu reintegração de posse sequer sabe o que vai fazer com o terreno, além de prometer dar alojamentos em albergues e abrigos, o que é uma grande mentira. E mesmo se fosse verdade, você não gostaria de trocar sua casa por um albergue, gostaria?


"Mas eles invadiram um terreno alheio". Olha, eu não vejo problema nisso, mas suponhamos que eu visse: mesmo assim, você está lidando com seres humanos, porra! Não pode simplesmente despejar e derrubar suas casas em seguida, sem dar tempo para eles tirarem seus pertences ou saberem para onde irão.

Adivinhe como foi a cobertura da mídia? Tendenciosíssima, colocando a culpa nos malvados moradores que foram protestar em hora errada.

Acho que, às vezes, as pessoas deveriam se perguntar: "e se fosse comigo?"


A Abaixo tem o comentário da Natália, no programa Raiz Social (estou até me cansando de fazer jabá do programa no blog).
Ouça, vale a pena.



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Metalinguagem: será que alguém ouve os arquivos sonoros que eu disponibilizo no blog? Os posts sonoros são os que tem menos comentários.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Em homenagem ao Corinthians...

Já faz um tempinho que o Cortinhians foi rebaixado, mas eu não poderia deixar de prestar a minha homenagem ao time que mais anda me fazendo feliz ultimamente (já que sou palmeirense).

Abaixo está minha reportagem para o Jornal Esporte Clube de 2006 sobre o rebaixamento. Quem sabe eu não dou uma atualizada...


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Metalinguagem:
eu fiz essas reportagens especiais para o Jornal Esporte Clube ao longo de 2006 - a de cima, especificamente, não foi uma "reportagem", já que não entrevistei ninguém - teve apenas pesquisa; mas as demais eu gostei de fazer.

A velha questão do diploma

Depois de conversar com muitas pessoas e pensar um pouco, cheguei à conclusão de que o principal problema da profissão de jornalista é a consciência de categoria.

Veja bem, os jornalistas atuantes no mercado sofrem preconceito diariamente, já que muitos dizem que eles são "especialistas em generalidades" e pedem para "não escreverem abobrinhas" depois de entrevistas. Mas as fontes não percebem que o tempo é curto e que é preciso sintetizar as falas para que caibam no jornal.

Na vida acadêmica, a história é a mesma. "Jornalista não tem uma base teórica coesa", dizem os formados em História, Letras, Ciências Sociais, etc. É difícil conseguir um mestrado ou doutorado em outra área quando se fez graduação em Comunicação Social.

Quando vamos para o mercado, o piso é 800 reais. A imensa maioria faz frila e não recebe direitos trabalhista - acaba degradando o próprio trabalho e se degradando.

Um cara que faz jornalismo estuda os meios de comunicação, os modos de usá-los e de entendê-los. Muitos dizem que o diploma não é necessário para exercer a profissão, mas como é que fica a questão da degradação? Como a profissão será valorizada? Como as pessoas vão entender que é importante ter pelo menos uma base de estudos em comunicação se a obrigatoriedade do diploma não se efetivar?

É questão de ser corporativista para que a profissão se valorize. Depois, quando atingirmos um outro nível, podemos discutir se é necessário o diploma ou não.
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Metalinguagem - exemplo de preconceito:
-Congresso de Extensão da Unesp: dos 17 trabalhos finalistas na área de comunicação, 10 eram da única faculdade de comunicação da Unesp, a FAAC (onde eu estudo). Quem ganhou? O primeiro lugar ficou com uma menina de Fonoaudiologia e o segundo com uma aluna de Letras.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O fim do ano

Se tem uma coisa que eu gosto de fazer no final do ano são balanços.

Mas não vou fazer um balanço agora (deixo para um próximo post), apenas falarei como a gente precisa fazer decisões e planos para o próximo ano.
O mais foda foi ter um monte de coisas para decidir em pouco mais de uma semana. E essas coisas decididas em uma semana dão os rumos para todo o ano seguinte.

Neses últimos dias:
-decidi meu futuro na web-rádio (diretor executivo);
-descobri que vou namorar à distância (a Tati vai trabalhar em São Paulo);
-pensei (bem basicamente) o assunto do meu TCC (tem a ver com o Raiz Social e um conceito de jornalismo cidadão).

É... colocando em três pequenos tópicos não parece que mudou muita coisa, mas é praticamente uma revolução na minha vida.
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Metalinguagem: como você pode reparar, a imagem de calendário é meramente ilustrativa; trata-se de uma estratégia para chamar a atenção do leitor - é que eu não tenho muita votade de ler posts que não possuem algum elemento diferente.